A Salvação da Alma

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Como você já deve ter suposto, este processo contínuo de salvação é algo que está acontecendo em nossa “segunda parte”, nossa alma. Quando nascemos de novo, nossa “primeira parte”, nosso espírito, é salvo. No futuro, quando Jesus voltar em glória, nossa “terceira parte”, nosso corpo, será salvo. Mas hoje, Deus está fazendo um trabalho contínuo em nossa “segunda parte”, nossa alma. Esta verdade é claramente vista em Heb 10:39 onde lemos: “Mas não somos daqueles que retrocedem para a perdição, somos, entretanto, da fé para a conservação (completa salvação) da alma”. Esta é uma verdade essencial que está sendo tristemente negligenciada e mal compreendida pela Igreja de nossos dias. A salvação da alma não é um evento, é um processo ao qual todos nós devemos prestar séria atenção.

Voltando à analogia de Deus no Tabernáculo, nós vemos que o Espírito de Deus entra no espírito humano e passa a residir nele. É aqui que a presença de Deus mora permanentemente. Ele não vem e vai. Quer possamos “sentir” Sua presença ou não, uma vez que O recebemos, Deus habita dentro de Seu Santo Templo em nosso espírito. Mas, no dia em que Jesus foi crucificado, algo surpreendente aconteceu. O véu que separava o Lugar Santo do Santo dos Santos, foi rasgado em dois, de alto a baixo. O resultado foi que a presença de Deus deixou de estar confinada ao Santo dos Santos, mas estava livre para se mover em direção ao Lugar Santo. Dentro de nós isto significa que Deus não está confinado apenas ao nosso espírito, mas pode encher a nossa alma com Sua presença.

Talvez vocês, leitores, se lembrem da nossa discussão no cap. 2, sobre as três palavras gregas para vida: BIOS, PSUCHE e ZOE. Lá aprendemos que Zoe é a palavra para a vida eterna e não criada de Deus e que Psuche é a palavra para nossa velha e caída vida da alma. Aqui chegamos a um ponto de nosso ensino em que esta distinção se torna muito importante. Já que “o espírito de vida” (Zoe) em Cristo Jesus (Rom 8:2) está agora em nosso espírito, é evidente que nós temos uma vida sobrenatural, eterna, em nossa parte interior. Mas, em nossa alma, ainda temos uma vida criada, natural, pecadora (Psuche). A parte interna é santa, mas a externa permanece pecadora. Quantos de nós podemos testificar isto em nossa experiência! Como Paulo, temos um desejo santo em nosso homem interior, mas nos descobrimos praticando o pecado com o nosso homem “exterior”. (Veja Rom 7:15). A solução de Deus para este dilema é o que estaremos investigando agora.


UMA SUBSTITUIÇÃO GLORIOSA

O plano de Deus é substituir, pouco a pouco, nossa vida terrena e corrupta por Sua gloriosa vida eterna. Isto é o que o termo “a salvação da alma” quer dizer. Quando damos oportunidade ao Espírito Santo, Ele espalha Sua santidade do mais profundo interior do nosso espírito, sobre nossa alma e gradualmente faz esta substituição essencial. Quanto mais abrimos nosso ser para Ele, mais Ele aproveita a oportunidade para nos encher com aquilo que Ele é. Quanto mais freqüentemente e profundamente permitimos o acesso do Espírito à nossa alma, mais profundamente somos transformados. A Bíblia chama a este processo, “transformação” ou “santificação”. Obviamente, quanto mais somos mudados ou transformados à Sua imagem, mais santificados ou santos nos tornamos. Estas duas coisas, santificação e transformação são parte de um trabalho maravilhoso chamado “a salvação da alma”.

Talvez uma boa analogia para isto seja a formação de madeira petrificada. A madeira, em seu estado natural, é susceptível à decadência e à deterioração e pode ser queimada. Mas, em certas circunstâncias, quando um pedaço de madeira cai na água, um outro processo ocorre. Pouco a pouco, os elementos naturais da madeira são arrastados para longe e vários minerais são depositados em seu lugar. A água satura e penetra na madeira vagarosamente, removendo os elementos naturais, mas preservando a aparência externa. Disseram-me que não apenas os anéis que indicam o crescimento são preservados, mas que a estrutura celular ainda é visível em um microscópio. Assim, a madeira é transformada de perecível a “eterna” de um ponto de vista humano. Nunca mais será deteriorada e tornouse à prova de fogo.

De uma forma similar, quando permitimos que Ele faça isto, o Espírito Santo vai saturar e penetrar em cada cantinho de nossa alma. Pouco a pouco Ele vai levar para longe os elementos naturais de corrupção e decadência e substituir a nossa natureza pela Sua vida e natureza eternas. Seremos santificados e purificados pela lavagem da Palavra (Ef 5:26). O resultado é que nos tornamos “eternos” e, como veremos mais tarde, também “à prova de fogo”. Deus não muda a estrutura exterior do nosso ser, apenas o conteúdo. Tornamo-nos pessoas diferentes internamente, em vez de sermos motivados por uma vida pecaminosa da alma, nos tornamos dominados por uma vida reta, a vida do Espírito.

Isto não significa que nos tornaremos um tipo diferente da personalidade que tínhamos antes, ou que nos tornaremos alguém que não somos. Ao contrário, descobrimos que nos tornamos aqueles que fomos realmente feitos para ser. Tornamo-nos o tipo de pessoa que se ajusta perfeitamente com nossas personalidades e capacidades. Tornamo-nos aquilo que o Nosso Criador realmente pretendia. Como uma analogia, digamos que Deus não toma uma pedra verde e a transforma em vermelha. Ele pega uma pedra verde opaca e a purifica até que ela se torne transparente. Então nossa alma (a pedra em nossa analogia) pode livremente exibir tudo o que Deus é dentro de nós, brilhando com a “cor” do que Ele nos fez ser. Nós estaremos purificados de todos os impedimentos e feitos transparentes como a noiva de Cristo (Apoc 21:11) de maneira que Ele possa ser visto em nós em toda a Sua glória, de um jeito especial que somente nós podemos exibi-Lo.


CRESCIMENTO EM VIDA

Quando Jesus encarnou aqui na Terra, Ele nasceu em um lugar humilde e sujo em um estábulo e uma manjedoura. Assim também, quando nascemos de novo pela entrada da vida de Deus em nós, Jesus novamente se humilha e entra em um lugar humilde. Entretanto, Ele não permanece muito tempo na manjedoura. Ele cresceu em “sabedoria e estatura” (Lucas 2:52). Ele cresceu em humanidade e maturidade e também em utilidade para Seu Pai celeste. Da mesma forma, a vida eterna de Deus cresce dentro dos crentes que estão procurando e obedecendo ao Senhor. Conforme esta vida amadurece, eles também se tornam cada vez mais úteis a Deus. O desejo de Nosso Senhor não é ter um berçário cheio de bebês espirituais que constantemente precisam de tempo, cuidado e atenção. Ele está procurando filhos e filhas maduros que possam ser úteis para Ele aqui na Terra, para cumprir Seus propósitos eternos.


Extraído do e-book De Glória Em Glória, páginas 54, 55, 56 do autor David W. Dyer, disponível no formato digital em:

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