Declaração de fé de Westminster

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Desde Julho de 1643 até Fevereiro de 1649, reuniu-se em uma das salas da Abadia de Westminster, na cidade de Londres, o Concílio conhecido na história pelo nome de Assembléia de Westminster. Este Concílio foi convocado pelo Parlamento Inglês, para preparar uma nova base de doutrina e forma de culto e governo eclesiástico que devia servir para a Igreja do Estado nos Três Reinos.

A Assembleia dos teólogos de Westminster foi convocada em 1643, após anos de tensão entre Charles I e seu crescente Parlamento puritano. Reunidos sob a presidência do erudito William Twisse contra os desejos expressos do rei, a visão original da Assembleia era criar uma maior uniformidade da fé e a prática em todo o reino de Charles I.

A tarefa original dos delegados era revisar os Trinta e Nove Artigos da Igreja da Inglaterra, mas após firmar a Liga e Pacto Solene, esta Assembleia avançou para mais específica e exata tarefa de delinear uma fórmula teológica e eclesiástica que conduzisse a Igreja da Inglaterra à conformidade com a doutrina e prática da Igreja Presbiteriana da Escócia. A Confissão de Fé de Westminster representa um momento de maturidade no desenvolvimento da teologia federal, e sua dinâmica interna gira em torno do conceito de “pacto”.

Dividida em trinta e três capítulos, abrange minuciosamente o alcance completo da doutrina cristã, começando com as Escrituras como a fonte do conhecimento das coisas divinas (da mesma maneira que na Primeira e Segunda Confissão Helvética, a Fórmula de Concórdia, e os Artigos Irlandeses). Continua com uma exposição de Deus e seus decretos, a criação, a providência, e a queda (II-IV) antes de explicar o pacto de graça, a obra de Cristo, e detidamente a aplicação da redenção (VII-XVIII). Em vários títulos dos capítulos, lhe dá uma cuidadosa atenção a perguntas sobre a lei e a liberdade, à doutrina da igreja e os sacramentos (XXV-XXIX), e às últimas coisas.

A Confissão de Westminster foi a última das confissões formuladas durante o período da Reforma. Até agora tem havido na história da Igreja somente dois períodos que se distinguiram pelo número de credos ou confissões que neles foram produzidos. O primeiro pertence aos séculos IV e V, que produziram os credos formulados pelos concílios ecumênicos de Nicéia, Constantinopla, Éfeso e Calcedônia; o segundo sincroniza com o período da Reforma. Os símbolos do primeiro período chamam-se "credos", os do segundo "confissões". Uma comparação entre o Credo dos Apóstolos, por exemplo, e a Confissão de Westminster mostrará a diferença. O Credo é a fórmula de uma fé pessoal e principia com a palavra "Creio". A Confissão de Fé de Westminster segue o plano adotado no tempo da Reforma, é mais elaborada e apresenta um pequeno sistema de teologia. Esse sistema é conhecido pelo nome de Calvinismo, por ser o que João Calvino ensinou, e foi aceito pelas Igrejas Reformadas, que diferiam das Luteranas.

A utilidade de uma Confissão de Fé evidenciou-se na história das Igrejas Reformadas ou Presbiterianas. Sendo a Confissão de Westminster a mais perfeita que elas têm podido formular, serve de laço de união e estreita as relações entre os presbiterianos de todo o mundo. Os Catecismos especialmente têm servido para doutrinar a mocidade nas puras verdades do Evangelho.

Segue abaixo a confissão em sua integralidade.

 

Confissão de Fé de Westminster

 

CAPÍTULO I

DA ESCRITURA SAGRADA

 

I. Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo.

 

Sal. 19: 1-4; Rom. 1: 32, e 2: 1, e 1: 19-20, e 2: 14-15; I Cor. 1:21, e 2:13-14; Heb. 1:1-2; Luc. 1:3-4; Rom. 15:4; Mat. 4:4, 7, 10; Isa. 8: 20; I Tim. 3: I5; II Pedro 1: 19.

 

II. Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo Testamento, que são os seguintes, todos dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e de prática:

 

O VELHO TESTAMENTO

 

Gênesis

Êxodo

Levítico

Números

Deuteronômio

Josué

Juízes

Rute

I Samuel

II Samuel

I Reis

II Reis

I Crônicas

II Crônicas

Esdras

Neemias

Ester

Salmos

Provérbios

Eclesiastes

Cântico dos Cânticos

Isaías

Jeremias

Lamentações de Jeremias

Ezequiel

Daniel

Oséias

Joel

Amós

Obadias

Jonas

Miquéias

Naum

Habacuque

Sofonias

Ageu

Zacarias

Malaquias

 

 

O NOVO TESTAMENTO

 

Mateus

Marcos

Lucas

João

Atos

Romanos

I Coríntios

II Coríntios

Gálatas

Efésios

Filipenses

Colossenses

I Tessalonicenses

II Tessalonicenses

I Timóteo

II Timóteo

Tito

Filemon

Hebreus

Tiago

I Pedro

II Pedro

I João

II João

III João

Judas

Apocalipse

 

 

Ef. 2:20; Apoc. 22:18-19: II Tim. 3:16; Mat. 11:27.

 

III. Os livros geralmente chamados Apócrifos, não sendo de inspiração divina, não fazem parte do cânon da Escritura; não são, portanto, de autoridade na Igreja de Deus, nem de modo algum podem ser aprovados ou empregados senão como escritos humanos.

 

Luc. 24:27,44; Rom. 3:2; II Pedro 1:21.

 

IV. A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus.

 

II Tim. 3:16; I João 5:9, I Tess. 2:13.

 

V. Pelo testemunho da Igreja podemos ser movidos e incitados a um alto e reverente apreço da Escritura Sagrada; a suprema excelência do seu conteúdo, e eficácia da sua doutrina, a majestade do seu estilo, a harmonia de todas as suas partes, o escopo do seu todo (que é dar a Deus toda a glória), a plena revelação que faz do único meio de salvar-se o homem, as suas muitas outras excelências incomparáveis e completa perfeição, são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia ser ela a palavra de Deus; contudo, a nossa plena persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina autoridade provém da operação interna do Espírito Santo, que pela palavra e com a palavra testifica em nossos corações.

 

I Tim. 3:15; I João 2:20,27; João 16:13-14; I Cor. 2:10-12.

 

VI. Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas reveladas na palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da palavra, que sempre devem ser observadas.

 

II Tim. 3:15-17; Gal. 1:8; II Tess. 2:2; João 6:45; I Cor. 2:9, 10, l2; I Cor. 11:13-14.

 

VII. Na Escritura não são todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes a todos; contudo, as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salvação, em um ou outro passo da Escritura são tão claramente expostas e explicadas, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso dos meios ordinários, podem alcançar uma suficiente compreensão delas.

 

II Pedro 3:16; Sal. 119:105, 130; Atos 17:11.

 

VIII. O Velho Testamento em Hebraico (língua vulgar do antigo povo de Deus) e o Novo Testamento em Grego (a língua mais geralmente conhecida entre as nações no tempo em que ele foi escrito), sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como para um supremo tribunal; mas, não sendo essas línguas conhecidas por todo o povo de Deus, que tem direito e interesse nas Escrituras e que deve no temor de Deus lê-las e estudá-las, esses livros têm de ser traduzidos nas línguas vulgares de todas as nações aonde chegarem, a fim de que a palavra de Deus, permanecendo nelas abundantemente, adorem a Deus de modo aceitável e possuam a esperança pela paciência e conforto das escrituras.

 

Mat. 5:18; Isa. 8:20; II Tim. 3:14-15; I Cor. 14; 6, 9, 11, 12, 24, 27-28; Col. 3:16; Rom. 15:4.

 

IX. A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente.

 

At. 15: 15; João 5:46; II Ped. 1:20-21.

 

X. O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura.

 

Mat. 22:29, 3 1; At. 28:25; Gal. 1: 10.

 

 

As duas casas de Israel

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Em Gênesis 13:15-16 o Senhor promete a Abrão que toda a terra que ele via seria herdada pela sua descendência para sempre e que esta descendência seria como o pó da terra.
Um pouco mais adiante, Deus reforça a promessa para Abraão e diz que a sua descendência seria como as estrelas do céu e como a areia do mar e que, por intermédio de Abraão, todas as famílias da terra seriam benditas. (Gn. 22:16-18)
Deus fez uma aliança com Abrão em Gênesis 17:07 e disse que essa aliança iria ser perpétua através da sua descendência. Abraão teve alguns filhos, mas a Palavra dá destaque a dois destes filhos: Ismael (Gn. 16:15) e Isaque (Gn. 21:03-05). Ismael não era o filho da promessa dada a Abraão e Sara (Gn. 17:15-16), pois foi gerado por Agar (Gn. 16:16), logo a aliança de Deus não era com Ismael e sim com Isaque (Gn. 17:19-21).
A promessa feita a Abraão é novamente proferida à Isaque (Gn. 26:03-04). Ora, claramente vemos que agora precisamos saber qual o rumo que a bênção tomaria já que Isaque também teve filhos. Em Gênesis 25 a Bíblia narra que Isaque orou a Deus para que Rebeca lhe concedesse filhos. Deus ouviu a oração de Isaque e Rebeca ficou grávida de gêmeos. Mas, a partir do verso 23 a Palavra nos mostra que DUAS NAÇÕES e DOIS POVOS estavam no seu ventre! O primeiro filho (peludo) o chamou de Esaú e o segundo de Jacó.
Jacó na terra de Harã começa a sonhar com uma escada posta na terra que subia até aos céus e que anjos subiam e desciam dela. E neste momento, o Senhor estava acima da escada e dizia a Jacó:

“Eu sou o Senhor Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua descendência; E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra” Gn. 28:13-14.

Esaú vendeu sua bênção de primogenitura a Jacó em Gn. 25:31-33. Sendo assim,  vemos claramente aqui que a bênção agora estava com Jacó e não Esaú conforme Gn. 28 e se estenderia ao mundo.
Jacó teve 12 filhos e desses doze filhos seria feita a nação de Israel. Em Gn. 35:10-12 Deus muda o nome de Jacó para Israel e reforça a ele a promessa feita anteriormente a Abraão e a Isaque e ainda diz que uma MULTIDÃO DE NAÇÕES sairiam dele e que REIS procederão dele.
Os doze filhos de jacó se tornariam os cabeças das 12 tribos de Israel (Gn. 49; Ex. 28:21). Ora, agora as bênçãos de Deus estão sobre as 12 tribos e sobre todo o Israel!

Em Gênesis 48 acontece um episódio interessante. José, filho de Jacó/Israel, está levando seus filhos Manassés e Efraim (filhos de uma gentia Egípcia Asenat) para receberem a bênção do avô. Entretanto, Israel estava com dificuldades na visão por causa da idade avançada e José sabendo disso levou os filhos ao avô já na posição tradicional da bênção com Efraim (Frutífero) na sua mão direita, à esquerda de Israel, e Manassés (Primogênito) na sua mão esquerda, à direita de Israel. Nessa ocasião Israel abençoa a José e logo após abençoa os meninos e com as mãos invertidas dá a bênção “maior” para Efraim e não Manassés.



Ora, por quê Israel fez isso? A resposta está na continuação do texto:

“Vendo, pois, José que seu pai punha a sua mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi mau aos seus olhos; e tomou a mão de seu pai, para a transpor de sobre a cabeça de Efraim à cabeça de Manassés. E José disse a seu pai: Não assim, meu pai, porque este é o primogênito; põe a tua mão direita sobre a sua cabeça. Mas seu pai recusou, e disse: Eu o sei, meu filho, eu o sei; também ele será um povo, e também ele será grande; contudo o seu irmão menor será maior que ele, e a sua descendência será uma multidão de nações”. Gn. 48:17-19

Que fato maravilhoso! Deus através de Jacó/Israel profetiza que de Manassés sairia UM POVO mas que de Efraim sairia uma MULTIDÃO DE NAÇÕES a mesma promessa dada a Jacó anteriormente. Jacó/Israel ainda diz que os meninos se multiplicariam como PEIXES, no meio da terra. E para finalizar a bênção, Jacó/Israel diz a José que ele iria tornar à terra de seus pais.


O interessante é que a palavra “multidão” empregada aqui é traduzida como “multitude” na versão inglesa King James (KJV) e no hebraico como “mlo’”. Que significa “plenitude ou totalidade” em português e “fullness” em inglês. Estas são as mesmas palavras usadas em Dt. 33:16, tanto em português, quanto em inglês e hebraico; onde Deus declara sua benevolência à terra e sua plenitude. Essa mesma palavra irá aparecer em Rm. 11:25 onde Paulo se refere a um segredo. Qual segredo era esse? O tempo da PLENITUDE dos gentios. Portanto, de Efraim sairia a plenitude dos gentios.
Ora, Jesus quando estava na terra realizou o milagre da pesca maravilhosa e ainda disse aos discípulos que a partir dali eles seria pescadores de homens! Confirmando a bênção dada a Efraim. (Lc. 05:05-10).
Esta bênção é mencionada em 1Pe. 02:09-10, parafraseando Os. 01:10 e confirmada em Rm. 09:25-26.



Em 1Rs. 11 e 1Rs. 12 o rei Salomão começa a confessar seus pecados e a Palavra diz que Deus se ira contra Salomão por ter se desviado do Senhor, o Deus de Israel. O Senhor diz a Salomão que o reino seria rasgado, ou seja dividido, pelo próprio Deus.

As 70 semanas de Daniel

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Em Daniel 02:24-45 Deus mostra para o rei Nabucodonosor uma grande estátua e o profeta Daniel a interpreta logo a seguir. As partes da estátua são 4 reinos que iriam dominar uns sobre os outros. Quando Daniel explica o sonho em determinado momento ele explica as pernas de ferro e logo depois os pés de barro e ferro. Esta é uma alusão clara de que os pés seriam continuação das pernas e a palavra em português “mistura ou misturado” aparece várias vezes neste texto. Na versão inglesa King James de 1769 (KJV) a palavra é “mixture ou mixed”. O interessante é que no hebraico essa palavra significa “mistura, misto, tarde ou “`arab”. Alguns traduzem diretamente para “Arábia”.


A palavra “tarde” é uma espécie de mistura, pois não é exatamente dia e nem exatamente noite, por isso em alguns textos esta mesma palavra é traduzida como “tarde”.
Os 10 dedos da estátua estão diretamente ligados com os 10 chifres da besta do quarto animal. Em Ap. 17:09-13 a palavra nos informa que os 10 chifres são 10 reinos, logo, os 10 dedos também são 10 reinos. A autoridade desses reinos está ligada com Ap. 13:01 onde é mostrado que a besta dos dez chifres possui 10 diademas.
É interessante notar que a besta citada nos livros de Daniel e Apocalipse sempre aparece como:

  • A besta que era, não é e aparecerá;
  • A besta que era, não é e virá do abismo;
  • A besta que era, não é e será o oitavo rei.

Os dez dedos, portanto, são os dez chifres com dez diademas e são uma mistura de povos.

Em Daniel 09 vemos mais uma coisa interessante, quando o profeta começa a orar por Jerusalém na hora do sacrifício da tarde. O profeta havia lido em Jeremias que a desolação de Jerusalém iria durar 70 anos. E partir daí no verso 11 o profeta diz sobre uma maldição que iria atingir Israel. Neste contexto, a palavra “maldição” em português significa “curse” na versão King James (KJV) e “´alah” em hebraico e pode significar “juramento, blasfêmia”.
A serpente de Gn. 03:13-14 é o dragão vermelho de dez chifres de Ap. 12. Em Ap. 12:09 a Palavra diz que o dragão é a antiga serpente. Portanto, esta é maldita! Na ocasião a palavra “maldita” é explanada como “cursed” na versão KJV. E signica “´arar” em hebraico que é traduzido como “feroz, amargo, praga, flagelo, anátema”



Calma, o leitor precisa ligar pontos importantes. Estamos descortinando princípios fundamentais para a explanação das 70 semanas narradas em Dn. 09:24-27. Veja, em Daniel 02 a Palavra nos cita “arábia, mistura”. Em Daniel 07 os “povos, mistura, 10 chifres” e em Daniel 09 a “maldição, alah”. Essas revelações serão muito importantes nos demais estudos que virão.

Por enquanto, vamos a explicação da estátua de Daniel 02:
Ouro - Cabeça de Ouro (Dn. 02:32) = Império Babilônico (Babilônia);
Prata - Peito e 2 Braços de Prata (Dn. 02:32) = Império Medo-Persa (Pérsia);
Bronze - Quadris e Coxas de Cobre/Bronze (Dn. 02:33) = Império Macedônico (Grécia);
Ferro – 2 Pernas de Ferro (Dn. 02:33) =  Império Romano (Ocidental e Oriental);
As 2 Pernas representam Império Romano em suas 2 faces:
O Império Romano Ocidental: com sede em Roma, teve sua queda em 476 d.C.
O Império Romano Oriental: com sede em Constantinopla, o qual continuou a existir por quase mil anos, até 1453, quando ocorreu a Queda de Constantinopla. De onde surge o Império Otomano, com o cerne na atual Turquia (Ap. 02:12,13), tendo como capital a cidade de Constantinopla, tomada ao Império Bizantino em 29 de maio de 1453. A partir de 1517, o sultão Otomano era também o Califa do Islã, e o Império Otomano era entre 1517 e 1922 (ou 1924) o sinônimo de Califado, o Estado Islâmico.
A parte Ocidental (Roma) absorveu “Igreja-Estado” o Cristianismo (Catolicismo). A parte Oriental (Oriente Médio) absorveu o Islamismo (Muçulmanos). Interessante?! Tendo em vista as traduções da palavra “maldição” explanadas anteriormente.
Porque não se pode ignorar isso? Porque as 2 pernas tentam andar juntas no final (pés) mas não conseguem!
Ferro e Barro - Pés e 10 dedos em partes de Ferro e Barro (Dn. 02:33) é o Governo do Anticristo com 10 reis, esses 10 reis farão alianças, porém não conseguirão encontrar equilíbrio se tornando um reino dividido, mediante tal situação entregarão a autoridade ao anticristo (Ap. 17:12-13)
A Pedra cortada sem auxílio de mãos (Dn. 02:34,45) é Cristo! A Pedra destrói a estátua. Na vinda de Jesus, o Anticristo e o Falso Profeta são lançados no lago de fogo. A Pedra transforma-se num grande monte que enche a terra (Dn. 02:35) isto é: O Reino Eterno de Cristo.
Quando Deus deu a Nabucodonosor a visão da Grande Estátua (que representava os Reinos do mundo até o Fim da História), ficou claro para ele que ele era apenas a cabeça de ouro (Dn. 02:37,38), mas que seria passageiro, apesar de todo reinado, poder, força e glória.
Sendo assim, ciente de que o ouro estava ligado ao seu reino, ele desafia a Deus fazendo uma estátua totalmente de ouro. Querendo dizer com isso que seu reino era eterno! Uma figura da “imagem da besta” (Ap. 13:14,15) foi simbolizada nessa estátua de Nabucodonosor totalmente de ouro e ele mesmo decretando a sentença da pena de morte aos que não se prostrassem e adorassem à sua imagem (Dn. 03:11).


Mais adiante na próxima visão (Dn. 07:02-08) o mar é frequentemente usado em visões bíblicas como símbolo de “nações” em tribulação (Is.17:12-13); “quatro ventos” do céu são usados para indicar os quatro pontos cardeais – norte, sul, leste e oeste – e simbolizam toda a terra. Cada um dos “quatro animais, grandes” representam um reino, correspondente aos reinos relacionados à imagem de Nabucodonosor. Daniel viu, então, uma enorme sala do trono, onde o Deus da história dispensaria seu juízo contra os animais grandes e seus reinos seriam entregues a “um como o Filho do Homem”.

A besta que era e não é, mas aparecerá

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Daniel 07:07-14 fala do último animal que tinha 10 chifres e depois se levanta um outro chifre menor que falava coisas grandiosas. No mesmo capítulo 07 nos versos 19 a 27 Deus revela a Daniel que este animal fará guerra contra os santos que lhes serão entregues na mão por um tempo, e temos e metade de um tempo até que venha o ancião de dias para o destruir.


A expressão filho do homem significa semente de Eva. Quando Daniel afirma sobre o filho do homem ele está apontando para Jesus que se encontra com o ancião de dias (Deus) (Dn 07:13). Mas no verso 09 do capítulo 07, o ancião de dias é Jesus. Lembra quando Jesus diz: Eu e meu pai somos um! (Jo. 10:30). Em apocalipse 01 a partir do verso 12 Jesus se declara como ancião de dias. Portanto, quem vem nas nuvens fazer justiça aos santos é o ancião de dias, Jesus. E ele só vem após a tribulação (tempo, tempos e metade de um tempo), pois o chifre pequeno ainda está fazendo guerra contra os santos. E no final os santos receberão o reino.
Em Daniel capítulo 12 que é uma explanação de Daniel 07, o profeta pergunta ao anjo vestido de linho: Que tempo haverá até o fim das maravilhas? O anjo responde: Depois de um tempo, de tempos e metade de um tempo (Dn. 12:06-07). Estes tempos são 3 anos e meio, ou 42 meses, ou 1260 dias que estão na última semana das 70 semanas de Daniel. Em Daniel 04 há uma alusão aos tempos quando os 7 tempos onde o rei Nabucodonosor esteve como animal. Estes 7 tempos foram 7 anos.
Quais são as maravilhas que o profeta pergunta? Ora, é a tribulação e a ressurreição descritas em Daniel 12:01-02. Não há uma ressurreição anterior, só essa. No contexto da 6º trombeta em Apocalipse 10:07, João nos dá o paralelo com Daniel 12 e mostra novamente o anjo com o braço estendido e jurando por aquele que vive para sempre e diz que não haverá mais tempo.
Na sétima trombeta em Apocalipse 11:15-19, neste momento Jesus começa a reinar e o verso diz claramente: Aquele que és e que era, mas não há aqui “o que há de vir” mostrando que ele já veio. Neste mesmo contexto, Paulo nos afirma que Deus nos livra da ira futura (I Ts. 01:10), mas não nos livra da tribulação. Lembre-se que o chifre pequeno está fazendo guerra contra os santos antes da última trombeta que anuncia a vinda do Senhor. Ira de Deus é diferente da grande tribulação. A ira de Deus é derramada nas 7 taças como descrito em Ap. 16. E essa ira de Deus só sobrevém à terra na sétima trombeta.
Vozes de trombeta são as igrejas. Ou seja, as 7 igrejas tocam as 7 trombetas. E as 7 igrejas estão figuradas nas 2 testemunhas que terão o poder de até fechar os céus. É por isso que as nações se iram contra os santos e o ancião de dias vem para salvá-los.

Em Apocalipse 11 versos 01 ao 14 é revelado as duas testemunhas que estarão profetizando 1260 dias. Neste tempo as testemunhas terão muito poder, semelhantes aos de Moisés e Elias e após este tempo a besta que sobe do abismo lhes fará guerra e as vencerá, serão mortas e expostas em praça pública. Lembra da besta de Daniel 07:21 que faz guerra contra os santos e os vence? Este é o chifre pequeno. Por quanto tempo as testemunhas pregam mesmo? 1260 dias e serão expostas por 3 dias e meio. (Ap. 11:03, 09) E quanto tempo o chifre pequeno reina após este episódio? 42 meses. (Ap. 13:05). Ora, 42 meses também são 1260 dias! Isso é certo, 42 + 42 = 84 / 12 = 7 anos!
Por que a arca da aliança está no mesmo contexto da sétima trombeta? Se o sacerdote entra no santo lugar (Hb. 09:12) quando ele sai, os pecados do povo já estão expiados e agora é a hora da festa dos tabernáculos, que é o milênio.
Apocalipse 13:01-07 é revelada outra besta que compila todos os demais animais de Daniel 07. Isso se dá pois, como veremos adiante, cada animal simboliza um império e a medida que os impérios são conquistados um pelo outro, o poder do antigo império se funde ao poder do novo império. Logo, a besta de Ap. 13 é a fusão de todo este poderio dos impérios passados.


Resumindo: Neste contexto a palavra revela que a besta proferia arrogâncias e blasfêmias contra Deus e tem autoridade de atuar por 42 meses. Ora, esta é a mesma besta de Daniel 07, explicitamente figurada no chifre pequeno e que fará guerra contra os santos por 3 anos e meio. Se as testemunhas têm de profetizar por 42 meses e após esta profecia a besta faz guerra por 42 meses, logo são 84 meses que se dá 7 anos. O chifre pequeno será um homem, o anticristo, o oitavo rei (Dn. 12:08-10).

Texto escrito por: Wagner Bortoletto

As 7 festas proféticas do Deus de Israel

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A palavra festa ou estações no original hebraico é escirta como “mow’ed” que significa “tempo determinado”. 2 Cr. 08:13.

A primeira festa é a FESTA DA PÁSCOA/ÁZIMOS em hebraico “Pêssach/Matzot” celebrada no dia 14 do primeiro mês (Calendário Lunar) com duração de sete dias. Ex. 23:05; Ex. 23:15. Esta festa aponta para Cristo, o cordeiro pascal, para o livramento do povo do Egito e para a igreja, sem fermento. Ex. 12 e I Co. 05:07-08. A festa dos ázimos ou asmos era celebrada dentro da festa da páscoa e durava do dia 15 ao dia 21. (Ez. 45:21).

Após os asmos, o Sábado seguinte começa a segunda festa, a FESTA DAS PRIMÍCIAS em hebraico “Bikurin” era realizada no Domingo (Lv. 23:11). No primeiro dia desta festa o povo era aceito por Deus e nesse dia festeja-se o início da colheita e é também o primeiro dia das sete semanas em que se conta o ômer até o quadragésimo nono dia, após o qual se celebra a festa de Shavuot ou Tabernáculos ou Semanas, no quinquagésimo dia. Portanto, Tinha a duração de 7 semanas de 7 dias. Lv. 23:15-17. A oferta das primícias dada por Deus foi o próprio Jesus, isto é afirmado em I Co. 15:20-23.
Contagem do Ômer ou Sefirat Ômer é o nome dado a contagem dos 49 dias ou sete semanas entre Pêssach e Shavuot.
Embora a palavra hebraica para casamento seja חֲתֻנָּה, Chatunah, apesar disso é comum também se usar o termo בִּכּוּרִים, Bikurim, primícias para fazer referência ao mesmo. O encontro de Ruth, uma moabita convertida ao judaísmo com o judeu Boaz ocorreu na época das colheitas, encontro esse que teve como consequência o casamanto de ambos.
Dentro da festa das primpicias que durava 49 dias, no dia 50 se comemorava a FESTA DOS PENTENCOSTES em hebraico “Shavuot”, onde era necessário levar 2 pães até o sacerdote. Estes dois pães representam as duas casas de Israel. (Lv. 23:15-17). Pão asmo, Matzá no hebraico é o pão sem fermento. E levedados, significa com fermento, Chametz no hebraico.

Nota:
a) חַלֹּת, chalot é o plural de חִלָּה, chalá.
b) מַצּוֹת, matzot é o plural de מַצָּה, matzá.

Sexto Selo do Apocalipse

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A explicação para o sexto selo de apocalipse e a formação do reino do anticristo. Vale a pena assistir.

Por que Deus mandou matar?

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Por que Deus mandou matar?

Aqui vai uma excelente contribuição do Prof. Dr. Rodrigo Silva (Teólogo e Arqueólogo) referente a este assunto tão complexo.

A Origem do Universo

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Excelente explanação sobre o assunto.

O Prof. Dr. Rodrigo Silva (Teólogo e Arqueólogo) nos dá algumas evidências a respeito dessa questão.

Seria Jesus um Mito?

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Seria Jesus um Mito?

O Prof. Dr. Rodrigo Silva (Teólogo e Arqueólogo) nos dá algumas evidências a respeito dessa questão.

As 95 teses de Lutero

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1 Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.

2 Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).

3 No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula, se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.

4 Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.

5 O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.

6 O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados, a culpa permanecerá por inteiro.

7 Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.

8 Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.

9 Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.

10 Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.

11 Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.

12 Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.

13 Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.

14 Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais, quanto menor for o amor.

15 Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.

16 Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.

17 Parece desnecessário, para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que cresce o amor.

18 Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontram fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.

19 Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza.

20 Portanto, sob remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.

21 Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.

22 Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.

23 Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.

24 Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.

25 O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.

26 O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.

27 Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].

28 Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.

29 E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas? Dizem que este não foi o caso com S. Severino e S. Pascoal.

30 Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.

31 Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.

32 Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.

33 Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Deus.

34 Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.

35 Não pregam cristãmente os que ensinam não ser necessária a contrição àqueles que querem resgatar ou adquirir breves confessionais.

36 Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência.

37 Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os bens de Cristo e da Igreja, por dádiva de Deus, mesmo sem carta de indulgência.

38 Mesmo assim, a remissão e participação do papa de forma alguma devem ser desprezadas, porque (como disse) constituem declaração do perdão divino.

39 Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar perante o povo ao mesmo tempo, a liberdade das indulgências e a verdadeira contrição.

40 A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, pelo menos dando ocasião para tanto.

41 Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.

42 Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.

43 Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.

44 Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.

45 Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.

46 Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.

47 Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.

48 Deve-se ensinar aos cristãos que, ao conceder indulgências, o papa, assim como mais necessita, da mesma forma mais deseja uma oração devota a seu favor do que o dinheiro que se está pronto a pagar.

49 Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.

50 Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51 Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto - como é seu dever - a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extraem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.

52 Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.

53 São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.

54 Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.

55 A atitude do papa é necessariamente esta: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.

56 Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.

57 É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.

58 Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.

59 S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.

60 É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que lhe foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem este tesouro.

61 Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos, o poder do papa por si só é suficiente.

62 O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

63 Este tesouro, entretanto, é o mais odiado, e com razão, porque faz com que os primeiros sejam os últimos.

64 Em contrapartida, o tesouro das indulgências é o mais benquisto, e com razão, pois faz dos últimos os primeiros.

65 Por esta razão, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.

66 Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.

67 As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tal, na medida em que dão boa renda.

68 Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade na cruz.

69 Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.

70 Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbido pelo papa.

71 Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.

72 Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.

73 Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,

74 muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram defraudar a santa caridade e verdade.

75 A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes ao ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.

76 Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados veniais no que se refere à sua culpa.

77 A afirmação de que nem mesmo S. Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o papa.

78 Afirmamos, ao contrário, que também este, assim como qualquer papa, tem graças maiores, quais sejam, o Evangelho, os poderes, os dons de curar, etc., como está escrito em 1 Co 12.

79 É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo.

80 Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes conversas sejam difundidas entre o povo.

81 Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil, nem para os homens doutos, defender a dignidade do papa contra calúnias ou perguntas, sem dúvida argutas, dos leigos.

82 Por exemplo: por que o papa não evacua o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas - o que seria a mais justa de todas as causas -, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica - que é uma causa tão insignificante?

83 Do mesmo modo: por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?

84 Do mesmo modo: que nova piedade de Deus e do papa é essa: por causa do dinheiro, permitem ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, porém não a redimem por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta, por amor gratuito?

85 Do mesmo modo: por que os cânones penitenciais - de fato e por desuso já há muito revogados e mortos - ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?

86 Do mesmo modo: por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos mais ricos Crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?

87 Do mesmo modo: o que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à remissão e participação plenária?

88 Do mesmo modo: que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações 100 vezes ao dia a qualquer dos fiéis?

89 Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?

90 Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.

91 Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.

92 Fora, pois, com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo: "Paz, paz!" sem que haja paz!

93 Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!

94 Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno;

95 e, assim, a que confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela segurança da paz.


1517 A.D.

 

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