Introdução à Apologética

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O quê? Apologética?

O que é Apologética? Você me pergunta. Apologética é a área da Teologia que foca o estudo da defesa da fé. Nada mais é que uma arma para defender a fé e, portanto, destruir qualquer argumento que vá contra Deus e sua Palavra. Portanto, a Apologética é apenas uma tentativa de obter respostas para as perguntas das pessoas a fim de pôr por terra os obstáculos que as mantêm longe de Cristo. Apologética em suma é oferecer razoes para a fé. O termo deriva da palavra apologia que é um termo legal relativo à defesa de alguém no tribunal. Do dicionário Aurélio:



apologia
[Do gr. apología, pelo lat. tard. apologia.] Substantivo feminino.
1.Discurso para justificar, defender ou louvar.
2.Encômio, louvor, elogio. [Sin. ger.: apologismo.]



As bases bíblicas para a apologética são:


I Pedro 03:15 - Antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós.

II Coríntios 10:04-05
- Pois as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus, para demolição de fortalezas; derribando raciocínios e todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência a Cristo.Colossenses 04:06 - A vossa palavra seja sempre com graça, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um.



Como alguém pode testemunhar a Cristo se não conhece sua Palavra e ainda mais, como alguém pode evangelizar alguém sem estar equipado para responder as mais variadas perguntas e dúvidas dos incrédulos, céticos ou religiosos. Por este motivo é de suma importância que todo cristão (útil) faça bom uso de sua Bíblia seguindo os trilhos da Apologética Cristã. Devido a esses vários problemas enfrentados pela falta de vivência cristã e muitas vezes falta de conhecimento bíblico e filosófico, logo muitos cristãos deixam de testemunhar sua fé - porque quando indagados não conseguem se defender e perdem a fé – porque não querem gastar tempo algum a fim de obter respostas para todas estas questões. E isso (a arma de defesa, o escudo da fé) só vem com muito estudo, esforço, dedicação e busca pela verdade, tanto nos campos da fé como da razão.
Hoje o ataque ao Cristianismo está cada vez mais voraz, temos visto nos últimos 50 anos uma tendência cultural pendendo para o naturalismo, o relativismo e o pluralismo acompanhados de todas suas subcategorias, as pessoas não mais acreditam em Deus, em milagres, na verdade ou em qualquer um dos pré-requisitos que fazem sentido dentro e fora do evangelho.


"Nietzsche disse que Deus estava morto. Assim, no último século temos vivido debaixo da sombra de um Deus morto na cultura de muitos países. E, quando Deus morre, toda verdade perece. Se você não possui um legislador moral absoluto, não pode ter qualquer lei moral. Quando Deus morre, toda a verdade e todo o significado morrem. Portanto, a Igreja lida com o restabelecimento de que há uma verdade absoluta, um significado absoluto, uma moral absoluta, e que o oposto de verdadeiro é falso". (Norman L. Geisler)



 


Introdução a Apologética


Tentarei explicar a fé cristã como uma cosmovisão. O que quero dizer com isso? O que quero dizer é que a fé cristã é uma peça de tapeçaria filosófica constituídas de idéias interdependentes, princípios e reivindicações metafísicas derivadas das Escrituras hebraico-cristãs, assim como os credos, as teologias, as comunidades, as normas éticas e as instituições que florescem sob a autoridade desses escritos. Essas crenças não são meras expressões de uma devoção religiosa particular, mas são proposições cujos proponentes nos instruem de maneira precisa, quanto à natureza do universo, dos seres humanos, do nosso relacionamento com Deus, das sociedades humanas e da vida moral. (Cristianismo não é Judaísmo)

II Timóteo 03:14-17 - Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que desde a infância sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela que há em Cristo Jesus. Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra.

Hebreus 06:18 - Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos poderosa consolação, nós, os que nos refugiamos em lançar mão da esperança proposta.

A apologética, entretanto, tem sido ignorada e desprezada pelo fato de alguns acharem que o Espírito Santo e as experiências cristãs são suficientes para a fé racional. O que não é verdade. Se só o Espírito Santo fosse suficiente (como deveria ser segundo alguns) então seu poder sobrepujaria as objeções levantadas contra as crenças cristãs dessa pessoa, prevenindo, portanto, a necessidade de defesas apologéticas. O Espírito Santo é o catalisador da fé, ou seja, confirma aquilo que a pessoa está crendo como verdadeiro se for verdadeiro. A apologética vem para pregar o evangelho com eficiência, para que o mesmo seja ouvido com crédito e autoridade.
Em geral, a sociedade (principalmente ocidental) é profundamente pós-cristã. Isso é resultado do Iluminismo que introduziu na cultura européia, e latina posteriormente com as colonizações, o fermento do secularismo que hoje permeia a sociedade. A marca registrada do Iluminismo foi o pensamento livre, isto é, a busca irrestrita do conhecimento por intermédio apenas da razão humana. Portanto, após esse advento, a teologia não é uma fonte de genuíno conhecimento e, portanto, não é considerada ciência. Assim, razão e religião, são díspares entre si. Somente as afirmações da ciência física são consideradas como revestidas de autoridade para nossa compreensão do mundo, e a confiante presunção é a de que a fotografia do mundo que emerge de ciências genuínas é um retrato absolutamente naturalista. Assim pensa a maioria dos céticos da atualidade que querem fazer uma espécie de reforma do pensamento, baseado no Iluminismo.
Filosofando...
Para estudarmos a apologética é necessário termos em mente alguns conceitos filosóficos para não cairmos no mesmo erro da maioria dos pregadores atuais, que é a sofisma. Do dicionário Aurélio:

Sofisma
1.Lóg. Argumento aparentemente válido, mas, na realidade, não conclusivo, e que supõe má-fé por parte de quem o
apresenta; falácia, silogismo erístico. [Cf. paralogismo.]
2.Lóg. Argumento que parte de premissas verdadeiras, ou tidas como verdadeiras, e chega a uma conclusão inadmissível, que não pode enganar ninguém, mas que se apresenta como resultante das regras formais do raciocínio; falácia.
3.P. ext. Argumento falso formulado de propósito para induzir outrem a erro.

Portanto precisamos entender o que é a razão, lógica aristotélica, o que é metafísica e o que é anti-metafísica.
A razão é (1) enxergar os processos subjetivos e psicológicos do raciocínio humano como parte integrante de uma ordem racional objetiva e (2) enxergar a mesma não como que confinada ao raciocínio lógico e calculista (terceiro ato da mente), mas, incluindo a intuição intelectual, compreensão, visualização, discernimento e contemplação (primeiro ato da mente).
A Lógica aristotélica é baseada em sistemas de termos lingüísticos que expressam conceitos mentais que representam essências reais ou a natureza das coisas, isso é o que significa logos no grego também. Portanto a filosofia de Aristóteles é diferente da filosofia moderna em muitos aspectos.
A lógica aristotélica é baseada na metafísica que diz que todas as coisas têm uma essência em si mesma, tem uma natureza verdadeira própria, e que nós temos a capacidade de conhecê-las pela contemplação e observação, buscando as respostas. Por essa lógica conseguimos compreende-las porque suas unidades básicas são termos que expressam conceitos que descrevem essências.
Portanto, tudo o que é metafísico é imutável e absoluto. Por este motivo que a apologética cristã se baseia nesse conceito. Ou seja, todas as coisas tem um "porquê" dentro delas mesmas. Isso é expresso da seguinte forma: Não sou eu quem diz o que é "aquilo" simplesmente, "aquilo" me diz o que ele é. No não metafísico ou anti-metafísico ocorre o contrário. Eu digo pelo meu histórico crítico (vivência) o que as coisas são. Eu digo o que é "amor" baseado nas minhas opiniões. Não existe essência propriamente dita.
No metafísico "amor" tem uma essência em si mesmo, ele é cuidado, segurança, proteção e pode até ser vinculado a pai e mãe. Ou seja, se eu digo que "Deus é amor" eu estou dizendo que Deus é segurança, que ele é cuidado, que ele é pai. No anti-metafísico não ocorre assim, nessa lógica filosófica, o meu pai de sangue é que me dá o referencial de pai, pois eu vivi assim. Quando eu digo que "Deus é Pai" nessa lógica, se, meu pai de sangue foi um carrasco, irei acabar associando Deus como um carrasco também, concluindo que o Pai celestial é igual ao pai terrestre. Percebem a importância da definição destes termos para qualquer debate? Só a titulo de informação o pensador metafísico mais famoso é Aristóteles e figuram entre os pensadores modernos nomes como Renè Descartes e Karl Marx.
Outro exemplo de metafísico e anti-metafísico: No metafísico a dor tem uma essência que eu tenho que procurá-la de acordo com aquilo que ela me diz o que é pela observação e contemplação. É algo que pode estar distante de mim, mas mesmo assim é importante e verdadeiro. No pensamento anti-metafísico (moderno) a dor só fará sentido para mim se eu a viver e por este motivo vou procurar entendê-la e vou configurá-la de acordo com minhas experiências. Por exemplo: Sofro porque meu pai me maltratou a vida inteira. Logo, dor é igual a pai e vice-versa.
No anti-metafísico é dito que eu só vou dar valor a alguma coisa quando eu a querer muito. Se eu não a quero, eu não dou valor nenhum nela. Ou seja, se eu querer muito um relógio verde e roxo, eu vou dar uma importância enorme para um relógio verde e roxo e vou fazer de tudo para obtê-lo. Mas, se eu ver um relógio preto e branco, como eu não o quero eu não irei dar valor algum nele. Essa doutrina nos faz muito individualistas e muito pouco socialistas. Consegue entender o porquê de tantas divergências no mundo moderno capitalista?
Com teorias e argumentos acontece a mesma coisa que com os relógios. Se algo tem valor pra mim eu aceito, se não tem valor para mim eu descarto. Mesmo sendo esclarecido sobre a verdade eu me recuso a crer nela, pois não quero a verdade absoluta, quero continuar no meu mundo de engano, pois quero ser individual.
No metafísico, as essências são em si mesmas; isso é chamado de Realismo Metafísico. No não metafísico, eu que dou o valor das essências e digo o que elas são; isso é chamado de Nominalismo Metafísico, logicamente baseado em rótulos humanos. É como se fosse um computador.

Se "p" existir, realize "q"
"p" existe, logo; "q" também existe

Para nosso estudo da apologética é de extrema importância conciliar fé e razão pelo falo de a fé e a razão serem aliadas. Acredito nas máximas que dizem "a fé que busca a compreensão" e "creio para que possa compreender". Isso significa que primeiro eu creio, depois a compreensão me segue pelo fato de a verdade a qual cremos ser objetiva e não subjetiva. Em um mundo "irracionalizado" pelo pecado a verdade tende a ser subjetiva levando a razão no mesmo patamar de subjetividade. Portanto, argumentos não-racionais não são irracionais na verdade cristã. Um bom argumento apenas reflete a verdade como se fosse um diamante. Um diamante só reflete a luz depois de lapidado, portanto, um bom argumento sem fé não irá refletir a luz, entretanto, um bom argumento é precioso. No anti-metafísico ocorre que as pessoas têm que pensar sobre algo que já está compreendido, e isso se reflete nos argumentos e na linguagem. Um filósofo moderno disse uma frase sobre isso que é: "o mundo é uma somatória de fatos, e não de coisas" (Wittgenstein).

A ciência atribui à lógica inerente da razão e da mente na seguinte seqüência:
1 - Compreensão
2 - Julgamento
3 - Raciocínio
Que se expressam por meios de:
1 - Termos
2 - Proposições
3 - Argumentos
Logo, os termos podem ser claros ou confusos. As proposições podem ser verdadeiras ou falsas e os argumentos podem ser logicamente válidos ou inválidos.
Um termo será claro se for inteligível e não contiver ambigüidade. Uma proposição será verdadeira se corresponder à realidade, se declarar o que realmente é. Um argumento será válido se as premissas levarem realmente a uma conclusão correta. Se todos os termos de um argumento forem claros, se todas as premissas forem verdadeiras e se o argumento estiver livre de falácias lógicas, então, a conclusão provavelmente será verdadeira.
Os termos expressam conceitos, que expressam essências. As proposições expressam julgamentos e estes expressam fatos. E os argumentos expressam o raciocínio, que por sua vez, expressam causas, perguntas e explanações reais. Para discordar da conclusão de qualquer argumento, temos de demonstrar que um termo é ambíguo, ou seja, incerto ou equivocado. Tem que se provar que uma premissa é falsa ou que há falácia lógica no argumento.
Os argumentos da apologética ou até mesmos científicos no que se refere à linguagem, devem ser razoáveis e prováveis (no sentido de coerência) e que partam de indícios convergentes e demonstrativos levando a uma sensação de certeza que percebemos como verdade empírica ou experimental. Tendo por base os argumentos e provas, cabe a cada um analisar se há verdade plena ou não no que está sendo explanado, da mesma forma que um juiz faz em um tribunal.Concluindo a introdução
Nossa civilização está fadada a ruína por causa de um vírus que tem se infiltrado na sociedade, e esse vírus não é o multiculturalismo e outras religiões. Mas o monoculturalismo da secularidade, a ausência de fé e de amor. Hoje estamos vivendo uma crise civil, cultural, filosófica e intelectual. É uma crise da verdade, mas a maior crise, sem dúvida é a espiritual. Temos mais acesso e geramos mais informação em uma semana do que uma pessoa gerava a vida inteira na idade média. Mas, mesmo assim, com isso vem a frieza com o próximo e nos tornamos cada vez mais individualistas.
Portanto, a questão crucial da apologética é unir fé e razão. Se a fé e a razão não forem parceiras, ou forem incompatíveis, então a apologética se torna impossível. Então, devemos aliar fé e razão defendendo a fé com as armas da razão.
A razão é amiga da fé e da santidade, porque é a estrada que leva à verdade; e santidade implica amar a Deus, que é a Verdade. As pessoas geralmente desprezam o raciocínio filosófico e apologético porque decidem se irão crer ou não, muito mais como o coração do que com a mente. Nós sabemos que mesmo o mais perfeito argumento não estimula as pessoas como a emoção, o desejo e a experiência concreta podem fazer. Nós também sabemos que nosso cerne está no coração e não na mente. Entretanto, a apologética chega ao coração através da mente. Além disso, a razão tem o poder de veto. Não é possível crer naquilo que sabemos ser falso; e não podemos amar o que acreditamos ser irreal. A fé, portanto, é como um salto, porém um salto dado na luz e não na escuridão. Nesse caso, a fé estimula a razão através da atuação do amor. Então, é de extrema importância que nos alicerçamos na fé e sejamos "acimentados" pela razão para fazermos um elo forte e inabalável.
Desta forma deixo introduzida nossa discussão para que a igreja seja uma estudiosa da palavra e a interprete não somente com a fé, mas também com a razão, evitando assim, os grandes sofismas da atualidade.

II Timóteo 02:15 - Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

"Nunca vi um cristão útil que não seja estudante da Bíblia"
D. L. Moody
 
 


Referencias:
Livro: Manual de Defesa da fé
Livro: Ensaios Apologéticos



© copyrigth Wagner Wilson Bortoletto - 07/2011

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