Hoje (23/11/2012) no calendário judaico é dia 9 do mês de Kislev (Kislimu) do ano de 5773.
Rosh Ha Shaná
Matheus Zandona Guimarães
A celebração de Rosh há Shaná (literalmente: “cabeça ou primeiro do
Ano”), marca o início do ano judaico e é celebrado no primeiro dia do
mês de Tishrei. Na verdade, alguns rabinos dizem que Rosh Há Shaná é o
aniversário da criação, e que estaríamos completando 5773 anos de
existência. Já outros rabinos afirmam que esta contagem iniciou-se logo
após o dilúvio, e que os anos desde a criação até o dilúvio podem se
estender por milhares ou até milhões. Todos
sabem que no calendário bíblico o ano novo começa com o 1° mês, o mês de
Nissan (geralmente em março/abril), com a festa da Páscoa como marco.
Mas após o exílio na Babilônia, a contagem dos meses sofre alteração
cronológica e nominal, e o primeiro mês passa a ser o sétimo (Tishrei).
O dia da Trombeta, ou Yom Teruá, é celebrado no 1° dia do 7° mês, com
grande convocação e toque do shofar (Lv 23:24-25).
Rosh Há Shaná é a única festa celebrada onde não há a explicação
clara, da parte do Eterno, sobre sua origem ou memorial. Todas as festas
no calendário judaico estão associadas a eventos ou à preservação da
memória dos feitos do Eterno para com o nosso povo, tal como Páscoa
(Libertação do Egito), Shavuôt (dádiva da Lei no Sinai) e Sucôt
(lembrança da peregrinação no deserto). Mas Yom Teruá (Rosh Há Shaná)
não é conectada a nenhum feito ou evento histórico na Torá. Muitos
rabinos crêem que Yom Teruá é uma festa que anuncia o retorno do
Messias, sendo o toque do Shofar um aviso para que Israel e as nações se
preparem para recebê-lo. Há uma interessante correlação entre o dia de
Yom Teruá (Rosh Há Shaná) e o retorno do Messias, no texto do rabino
Shaul em ITs 4:6.
Como Yom Kipur (dia da expiação) é celebrado 10 dias após Rosh Há
Shaná, dizemos que Rosh Há Shaná marca o início do juízo do Eterno sobre
a criação, sendo o dia de Yom Kipur o dia do veredicto. Assim, os 10
dias entre Rosh Há Shaná e Yom Kipur são conhecidos como “os 10 dias
temíveis” ou “Iamim Noraim” e é um período de muita oração, súplica e
arrependimento entre o povo judeu, com o toque do Shofar a cada serviço.
Daí surge um dos comprimentos mais comuns durante estes dias: “Tikatev
vê Taihatem” - “seja escrito e selado”. Desejamos isto pois cremos que
o Eterno possui o Livro da Vida, e nele são escritos os nomes dos
justos. Durante os 10 dias entre Rosh Há Shaná e Yom Kipur, estes nomes
são “revisados” pelo Eterno, que o sela em Yom Kipur. A crença da
existência deste “Livro da Vida” é proveniente da Lei Oral judaica e
também pode ser encontrada nos escritos judaicos do Novo Testamento,
onde há várias menções ao mesmo: Fp 4:3, Ap 3:5, 13:18, 17:8, 20:15,
21:17 e 22:19.
Começamos a celebração de Rosh Há Shaná com um maravilhoso jantar,
acompanhado de algumas orações específicas para este dia. Comemos neste
dia maças com mel como um símbolo do desejo de um ano novo doce e
agradável a todos. A chalá (pão de shabat) que é usada no jantar de Rosh
Há Shaná não é comprida, mas sim redonda, simbolizando o ciclo da vida
que se renova a cada ano. Na verdade, desde a antiguidade estipulou-se
que a celebração duraria 2 dias, pois no passado não havia certeza do
dia específico (1° dia do 7° mês), em função de ser uma festa da lua
nova. Assim, os dois dias de Rosh Há Shaná são passados quase sempre na
sinagoga, onde tocamos o shofar e oramos um conjunto de orações
específicas que estão agrupadas no Machzor (livro de orações para Rosh
HÁ Shaná e Yom Kipur). Basicamente são orações de agradecimento, louvor e
principalmente arrependimento. Neste dia, colocamos sobre o Aron (arca
que contém o rolo da Torá) uma cortina branca, simbolizando a
necessidade de termos um coração puro perante o Eterno.
A leitura da Torá é feita em Genesis capítulos 21 e 22, relatando o
evento da “Akedá”, onde Abraão sobe com seu filho Isaque ao monte Moriá
para sacrificá-lo. A Haftará que lemos é a história do profeta Samuel,
seu nascimento e seu chamado sacerdotal (I Sm caps 1 – 3). É impossível
estudarmos estas porções da Tanách e não notarmos uma palavra que é o
tema central dos dois eventos: HINENI! Esta pequena palavra em hebraico
expressa o que realmente sentimos e o que realmente estamos dispostos a
fazer por amor ao nosso Deus: HINENI – EIS-ME AQUI! A expressão HINENI
expressa nossa prontidão para obedecer e servir incondicionalmente ao
nosso Criador. O sacerdote Eli instruí a Samuel: Hineni – Daber Adonai
ki shomea avedechá – Eis-me aqui! Fala Senhor pois está a ouvir teu
servo!
Por isso, nosso desejo para todos vocês neste ano novo que tem início
no dia 08/09/2012 (ao por do sol) é que possamos ter o espírito de
Abraão e o espírito de Samuel, servos verdadeiros que não se preocupavam
apenas em crer em Deus, mas em obedecê-Lo de todo o coração, não
importando as circunstancias. Tenho certeza que os que vivem o
verdadeiro “HINENI”, terão seus nomes escritos e selados no Livro da
Vida.
Chag Sameach e Shalom,
Matheus Zandona Guimarães
Vice-Presidente Ministério Ensinando de Sião
Fonte: site ensinandodesiao.org.br
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